Não sei se porque a vida nos atropela, ou se por preguiça, só sei que cada vez menos paro para escrever sobre vinhos por aqui. Mas o fato é que eu, sempre que posso, estou organizando ou participando de eventos de vinhos.
Há uns dias dois nomes incríveis deste universo - a Karene e o Ferrazzo - me convidaram para dar uma palestrinha sobre vinhos portugueses em nome da Portus Cale.
Os vinhos da noite? Três portugueses de peso. Como eu disse lá, todo mundo tem suas preferências, mas que os três vinhos são incríveis, são.
O primeiro o Sino da Romaneira 2019, um corte de Touriga Nacional, Touruga Franca, Tinta Roriz e Tinto Cão, que estagiou 11 meses em barrica de carvalho, sendo que 30% das barricas eram de 2º uso. O Douro é uma região quente, e por isso seus vinhos são intensos e encorpados. Você deve conhecer o Douro pelos famosos vinhos do Porto, mas neste caso não estamos falando disso, é mais para te trazer pro mapa, pois este vinho é um vinho tranquilo, seco e cheio de personalidade. Aromas de Frutas maduras, notas florais e de especiarias, com destaque para pimenta preta. Em boca é volumoso, com boa acidez e bem harmônico.
No segundo vinho já entramos nos vinhos da Bacalhôa. A Quinta do Carmo passou a fazer parte do grupo Bacalhôa há uns 15 anos, mais ou menos. E você onde estava há 15 anos? Eu estava vindo morar em São Paulo e com isso, começava meu mergulho no mundo dos vinhos, indo na minha 1ª Expovinis.
Pois bem, vamos ao vinho. O Quinta do Carmo 2019 é um vinho do Alentejo, que passou por 12 meses em barrica de carvalho francês. O corte leva Alicante Bouschet, Aragonez e Trincadeira. Um vinho, que se fosse definido em uma palavra, seria equilíbrio. Ele está tão redondo que sua elegância está representando leveza. Mas vamos lá, de leve ele não tem nada. Um português com aquele "quê" português. Uma potencia disfarçada em equilíbrio. Aromas de frutas vermelhas maduras, com notas de especiarias e um toque de cacau. Em boca... em boca ele é perfeito. Simples assim!
O último vinho o clássico dos clássicos. O Quinta da Bacalhôa, safra 2018, sim uma criança, em se tratando de Bacalhôa. O vinho tem estrutura para durar uns 20 ou 30 anos em garrafa, ou seja... haja paciência e lugar na adega! A primeira safra deste vinho foi em 1979 - olha só... como eu - e de lá pra cá vem sido feito exatamente com o mesmo corte, Cabernet Sauvignon 90% e Merlot 10%. O vinho passa 18 meses em barrica de carvalho francês novo, ou seja, além dos aromas de frutas maduras, ele apresenta notas de madeira como chocolate e café. Em boca o vinho se mostra com bastante acidez, e muita tanicidade, o que garante a guarda que comentei antes. Bom, já que o vinho nasceu no mesmo ano que eu acho que vou comprar uma garrafa dessas para deixar guardada e abrir nos meus 60 anos. Uou, me senti velha agora programando o que vou beber quando fizer 60. Só pra deixar claro, faltam muiiiitos, muitos anos para isso.
Enfim, antes de terminar eu queria comentar um pouco sobre a Bacalhôa que foi fundada em 1922, com o nome de JP Vinhos. Mas que naquela época só vendia a granel. Foi só com o Quinta da Bacalhôa em 1979, que começou a produzir vinhos com sua marca.
Nos anos 80 adquiriu a Vinícola Aliança e ganhou representatividade no mercado. Hoje, junto com a Quinta do Carmo formam uma das vinícolas mais importantes de Portugal. Sendo que dos mais de 70 países para os quais exporta, o Brasil é seu maior cliente. Enfim, nossa per capta pode ser pequena, mas pelo menos, do pouco que o brasileiro bebe, boa parte está valendo a pena.
Ah, e só pra terminar, a Bacalhôa possui vinhedos e produções em diversas regiões de Portugal. Vinho verde, Douro, Dão, Alentejo, Setúbal, entre outras.
E mais uma vez eu queria agradecer à Karene e ao Ferrazzo pela confiança e a todos que participaram do evento pela receptividade.
Santé!
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